Existem empresas de todos os tipos, diferentes em tamanho, atividades, administração e constituição societária, entre outras infindáveis características.

Empresas ou crescem ou morrem. A maioria das pequenas empresas é como semente: ou vingam e vão em frente ou fenecem, em geral no seu primeiro ano de vida. Várias delas descobrem um determinado nicho de mercado, e em relativo pouco tempo se tornam maiores. Há que se tomar cuidado e não desejar crescer a todo custo. O planejamento é essencial. Dar o passo maior do que a perna permite pode causar um tombo financeiro irrecuperável.

Os locais que ocupam também vão se ampliando. Adquirem os imóveis laterais, prédios maiores e,
por que não, deixam o alugado e partem para a construção de seu próprio, de acordo com suas necessidades. Na mão contrária, há empresas virtuais que ocupam apenas um escritório e deixam para os seus fornecedores o problema da estocagem.

Por exigência da prefeitura, usualmente os prédios passam por uma vistoria do Corpo de Bombeiros antes que as atividades possam se iniciar.

Há empresas que não se apercebem do seu próprio desenvolvimento, compram mais máquinas, diversificam produtos, ampliam instalações, adquirem concorrentes. Como diz um médico, o corpo cresce demais e o esqueleto não acompanha a evolução.

Dependendo da atividade da empresa, quando for contratar seguro, vai ter dificuldade em obtê-lo. Há atividades indesejadas pelas seguradoras, pelo histórico de sinistros. Sim, no passado havia riscos que qualquer um de bom senso passava longe. Mas as atividades evoluem. O que era bom ontem pode ser ruim hoje, e vice-versa. Vai muito da administração de cada empresa. Para alguns, seguro é despesa pura e simples. Quanto mais barato melhor. Outros, sem seguro, não se arriscam a nada.

Seguradoras podem ajudar empresas a realizar adequações – se isso for possível – que as tornarão seguras o suficiente para então serem riscos interessantes para efeito de seguro. Mas há que haver engajamento das empresas. Nada vem de graça. As recompensas, porém, validam os esforços sob vários aspectos: menos perdas na produção, mais segurança na operação, menores taxas no preço do seguro, menos acidentes de trabalho, obtenção de certificados de qualidade, itens que favorecem os resultados da empresa.

E como as seguradoras podem auxiliar as empresas?

As seguradoras possuem setores de inspeção de riscos. Tais setores no passado já foram muito mais
atuantes, quando a forma de se contratar seguro de incêndio era mais detalhada. Com a liberdade tarifária e o surgimento dos seguros RN/RO (Riscos Nomeados / Riscos Operacionais) as exigências se flexibilizaram. Em compensação, diversas atividades foram para a lista dos riscos não aceitos. As coisas ficaram difíceis para e fábricas de colchão, entre outras, obterem seguro, mesmo a preços acima da média e condições mais restritivas.

Uma inspeção de risco pode ser olhada por dois ângulos. Pode ser uma “intromissão” nos negócios da empresa ou uma ótima chance da companhia avaliar em que situação está em termos de segurança, de uma forma geral.

O inspetor de risco tem, por experiência e conhecimento, uma visão diferente dos fatos, causas e consequências. Já visitou centenas de empresas, estudou processos de fabricação dos mais diversos, tem noções de propriedades das matérias-primas, gases, operacionalização de equipamentos, normas e procedimentos estabelecidos por entidades voltadas para a segurança e prevenção de danos e acidentes.

Cabe ao inspetor, mais que tudo, ajudar a empresa a tornar o seu negócio mais seguro, mostrar os pontos problemáticos e as modificações recomendáveis sob a ótica da redução de riscos. Claro que se a empresa não estiver interessada nessa parceria, nada há o que fazer. Algumas vezes as alterações podem ser por etapas, então um cronograma deve ser estabelecido. Há casos, entretanto, que a alteração se faz imediata, tal a precariedade encontrada.

Um aspecto deve ficar bem claro: o fato de o inspetor ter visitado a empresa não cria compromissos nem obrigações com a seguradora – na verdade, a seguradora necessitava da inspeção para conhecer o risco e decidir, então, se aceita o risco ou não. Mesmo que não aceite o risco, o relatório gerado pela visita é um documento interessante para a empresa sob o ponto de vista da segurança. É quase como uma auditoria específica, que apontará áreas críticas ou que assim se tornarão no decorrer do tempo. Cumprindo as recomendações, ela estará se tornando uma empresa mais segura, independentemente se contratará ou não o seguro.

O inspetor chama a atenção para tais detalhes detectados no âmbito da empresa, além daqueles casos mais comuns – extintores vencidos ou obstruídos, hidrantes com mangueiras deterioradas, sistema de bombeamento de água inadequado, encanamentos entupidos, sistemas de alarme aquém do desejado, brigada de incêndio desestruturada e por aí vai! Só os olhos experientes do inspetor para detectar problemas e apresentar soluções.

Você, dono de empresa, vai deixar de usufruir de um serviço desses? Nessa hora é preciso ser esperto, no bom sentido.

Por Osvaldo Haruo Nakiri
Analista de Riscos do IRB Brasil Re, integrante inicial da Comissão Técnica de RCG da Fenaseg em 2000, autor de vários artigos publicados pela Revista do IRB e pela Cadernos de Seguro, sendo nesta os mais recentes “A queda do ‘castelo de cartas’ – A crise mundial ou ‘pimenta nos olhos dos outros é colírio’” (edição 152) e “Maré alienígena” (edição 153)
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